Viajando para Orlando com Mellina e seu cão-guia

À esquerda, nos parques da Universal Studios. À direita, no Aquática (parque aquático da Sea Worlds Parks).
Olá, pessoal.
Hoje acompanharemos as aventuras de Mellina e Hilary em sua viagem a Orlando, nos Estados Unidos. Mellina é deficiente visual, turismóloga e blogueira e, Hilary, sua cadela-guia. Tenho certeza que sua experiência e exemplo de vida servirão de incentivo a todos que se sentem inseguros para enfrentar uma viagem (ou se encontram com baixa autoestima) de que é possível viajar e ser feliz mesmo com limitações. Acompanhem, abaixo, seu relato:
“Fui pela terceira vez a Orlando (a primeira sem enxergar) em junho de 2017, com minha mãe e minha cadela-guia, e a viagem durou 19 dias (o que para mim ainda foi pouco, pois sou apaixonada por aquele lugar). Era verão; portanto, um calor maravilhoso!
Minha ideia inicial era viajar apenas com a Hilary. No entanto, ao entrar em contato com os parques, soube que não teria alguém para me acompanhar nas atrações, por isso achei melhor que minha mãe nos acompanhasse.
Antes de viajar tracei um roteiro (mas não fui muito fiel a ele porque infelizmente fiquei doente e os planos tiveram que mudar um pouco). Tiramos o primeiro dia para ir ao Walmart comprar coisas para lanche e a um Pet Shop comprar sapatinho para proteger as patinhas da Hilary do chão quente. Depois fomos intercalando dias de parque com outros passeios para não cansarmos demais. Fomos a vários parques e conhecemos as cidades de Daytona, Sebastian Beach, Celebration, Winter Park, Winter Garden e Oviedo (esta última é onde reside os amigos em cuja casa nos hospedamos).
Voei pela empresa Delta Airlines. Gostei bastante da aeronave e tanto o voo quanto os demais procedimentos foram bem tranquilos (mais do que pelas companhias nacionais). Uma coisa que muitos me perguntam é onde a Hilary vai no avião: bem, por ser cão-guia, ela viaja comigo dentro do avião e passa a maior parte do tempo dormindo aos meus pés.
Quanto ao idioma, embora eu não seja fluente, consegui me virar bem com o inglês. Como minha mãe não fala nada, fui a responsável pela nossa comunicação durante toda a viagem.
Eu estava com muita expectativa com relação a esta viagem porque já morei em Orlando por pouco mais de um ano, há 7 anos atrás, época em que eu ainda enxergava relativamente bem, e queria muito voltar por saudades da cidade e para vê-la “com outros olhos”, principalmente reviver a magia de todos os parques e saber como seria a questão de acessibilidade, tanto para mim, como deficiente visual, quanto para minha cadela-guia. Foi uma experiência nostálgica; afinal, jamais poderia imaginar que retornaria àquele lugar nessa condição. Isso me fez pensar em como as coisas podem mudar de uma hora para outra, mas que tudo acontece no momento certo e que não devemos deixar as oportunidades passarem. Eu olhava para as coisas que enxergava no passado e que hoje não conseguia mais ver, formava na minha mente as imagens do que já tinha visto e criava novas, conforme a descrição que minha mãe fazia dos lugares. Apesar de não enxergar as paisagens, curti a viagem de uma forma sensorial, ou seja, ao invés de “ver”, eu “senti” Orlando! Tudo bem diferente mas não menos maravilhoso. Agora estou com um projeto de levar um grupo de deficientes visuais em janeiro de 2018. Em breve postarei informações sobre isso no meu blog.

Sheikra: montanha-russa radical no Parque Busch Gardens, na cidade de Tampa.
Bem, com relação ao cão-guia foi tudo incrível: nas atrações mais radicais dos parques, nas quais a Hilary não podia entrar comigo, ela ficava com minha mãe (que não gosta de montanha-russa) ou em gaiolas que havia disponíveis nas atrações em quase todos os parques que fui (menos no Sea World e no Aquatica). O único problema foi o fato de algumas pessoas quererem mexer nela, mas estou acostumada com isso no Brasil também e já não me incomodo tanto.
Embora eu tenha escolhido passar o dia do meu aniversário na Disney e ter ido em 3 parques da rede (Epcot, Animal Kingdom e Hollywood Studios), eu gosto mais dos parques da Universal (principalmente o Island of Adventure) por serem menores e possuírem mais atrações legais. Eles têm um encanto diferente!
Meus lugares preferidos para comer em Orlando são os restaurantes Olive Garden e Brio e a lanchonete Texas Grill, que é estilo texano. O sorvete da Cold Stone também é uma delícia!
Quanto às compras, acho que se for converter para nossa moeda (real) fica tudo mais ou menos o mesmo preço. Tênis, bolsa e alguns eletrônicos valem a pena. O bom de lá são os cupons de desconto, que nos permite economizarmos bastante. Outra coisa interessante é que, quando você compra algo, pode devolver durante 1 ano e pegar o dinheiro de volta. Para isso, você precisa apenas guardar o recibo.
Por fim, gostaria de fazer algumas observações: um bom planejamento faz você economizar muito numa viagem. Pesquise bastante sobre preços de passagens, hotéis, aluguel de carro, etc. No Facebook existem alguns grupos sobre Orlando que ajudam bastante seus membros. Prepare-se para andar bastante, leve sapato confortável e, se possível, comece a caminhar bem antes da viagem pois nos parques é o que mais fará! Não faça parques seguidos, tente intercalar com outros passeios para não se cansar demais. Caso tenha tempo, visite as cidadezinhas ao redor de Orlando (que mencionei acima), são uma graça! E sobre a questão das pessoas com deficiência, observei que no Brasil há mais “benefícios” como, por exemplo, prioridade nas filas. Nos Estados Unidos isso não acontece. Algumas vezes eu até tinha prioridade por causa da Hilary e não por eu ser deficiente visual. Outra coisa: no Brasil as pessoas têm costume de virem nos tocando para nos ajudar; lá eles avisam antes que irão te tocar”.
Para conhecer mais sobre Mellina, Hilary e suas viagens, acesse www.4pataspelomundo.com.
Um grande exemplo, com certeza. Parabéns, Mellina! E obrigada por compartilhar sua experiência.