Uma viagem e três países – parte 1: Itália
Em abril de 2019, meu marido e eu fizemos uma viagem de 16 dias pela Europa. Nosso roteiro teve início na Itália, depois Suíça e, por último, Holanda. Vou deixar aqui o relato dessa viagem, onde contarei um pouco de como foi nosso dia a dia, incluindo alguns perrengues que passamos, e deixarei dicas de hospedagem e passeios que podem servir de inspiração para quem estiver planejando uma viagem e preparando o próprio roteiro.
Como esta foi a segunda vez que estive na Itália, sugiro que você confira, também, meu relato sobre a viagem anterior, que teve outro roteiro (viajei de norte a sul do país, ou seja, de Veneza a Palermo) e, assim, outras dicas (para ler agora, clique aqui). Mas, voltando ao roteiro atual:
DIA 1 – SÃO PAULO/VENEZA – Viajamos com a companhia aérea British Airways. Partimos de Guarulhos e, após uma breve conexão em Londres, seguimos para Veneza. A primeira parte da viagem, apesar de termos ido de classe econômica, foi muito boa: além de poltronas confortáveis, a companhia aérea ofereceu um bom serviço de bordo, com lanche, jantar e café da manhã, e em cada poltrona havia monitor com várias opções de filmes, músicas, documentários e radar. Também forneceram cobertores, travesseiros e fones de ouvido. O ponto negativo foi com relação à segunda parte da viagem, no trecho Londres/Veneza, no qual não foi oferecido sequer um copo d’água gratuitamente.
O aeroporto Heathrow, de Londres, também foi bem rigoroso na inspeção das bagagens de mão, exigindo, inclusive, que os itens líquidos (aqueles que vão em frascos de até 100ml) fossem acondicionados em sacos plásticos e passados pelo monitoramento diretamente na bandeja (fora da mala/mochila).
DIA 2 – VENEZA/TREVISO – Assim que chegamos no aeroporto Marcopolo, em Veneza, nos orientaram a comprar bilhete do conhecido ônibus nº 5 para irmos até a Estação Venezia Mestre. Pagamos 8 euros cada mas depois soubemos que há ônibus da ACTV que fazem a mesma linha por menos de 2 euros. Fomos enganados! Fica a dica.
O trajeto até Venezia Mestre durou cerca de 30 minutos e, ao chegarmos lá, compramos bilhete de trem para irmos até Treviso (que custou 3,50 euros cada e a viagem também durou cerca de meia hora).
Veja como comprar e validar bilhete de trem na Itália:
Dica sobre os bilhetes de trem: não aconselho a comprar os bilhetes promocionais ainda no Brasil porque eles não são reembolsáveis e só valem para o dia e hora previstos. No entanto, caso você consiga se programar, pode conseguir passagens super baratas se comprar com antecedência. Às vezes, adquirindo seu bilhete com apenas 1 ou 2 de antecedência, conseguirá ótimos preços nas viagens com hora certa. Basta pesquisar e fazer a melhor escolha.
Enquanto esperava o trem, aproveitei para comprar, numa tabaccheria (ou tabacchi) um chip para meu celular. Depois de perguntar ao atendente se o pacote de dados também funcionaria na Suíça e na Holanda (meus destinos seguintes) e ele dizer que sim, paguei 26 euros em um da VODAFONE com validade para 30 dias e que dava o direito de usar a internet à vontade, porém sem ligações telefônicas. No entanto, funcionou muito bem na Itália mas, assim que ultrapassamos a fronteira da Suíça, recebi mensagem que, para continuar utilizando-o, deveria ativar o roaming a um custo de cerca de 3 euros por dia (confiamos na palavra do vendedor e fomos enganados de novo). Depois li no papel que ele me entregou que a VODAFONE só funciona na União Europeia (da qual a Suíça não participa).
Em Treviso, a hospedagem foi no Centro Della Famiglia (reserve aqui). É simples, porém econômico e confortável (foi minha segunda vez lá).
Após descansarmos um pouco, saímos para jantar com parentes italianos no Ristorante da Pino, que fica no mesmo prédio da Preffetura (sede do governo). Eu já tinha ido lá na minha viagem anterior e gostei muito, então quis repetir, e, apesar de não termos feito reserva, conseguimos uma mesa depois de alguns minutos de espera.
Outro lugar que indico para se comer em Treviso é a Pizzeria Ristorantino “da Roberto” que, além de ter um ambiente descontraído, com mesas do lado de fora, oferece opções gostosas e preços modestos.
Após o jantar, fizemos um breve passeio pela cidade e sua rica história, e visitamos, dentre outros, a Fontana Delle Tette, que é uma fonte em forma de um busto de uma mulher nua de cujas tetas jorram água (diz a lenda que, antigamente, em dias festivos, em um dos seios jorrava vinho tinto e, no outro, vinho branco).

Fontana Delle Tette.
DIA 3 – TREVISO/NERVESA DELLA BATAGLIA – Por motivos pessoais (origem da minha família), esse dia foi dedicado à pequena cidade de Nervesa Della Bataglia. Ela é pequenina (pouco mais de 6 mil habitantes) mas muita rica de História e de lugares bonitos, como o rio Piave (em seu entorno havia uma grande floresta e era dali que se cortavam as árvores cujos troncos construíram a cidade de Veneza; eles eram jogados no rio e íam por ele deslizando até chegarem ao destino). Passamos um dia muito especial, visitando o museu da guerra, o museu de aviões, as ruínas da abbazia di Sant’Eustachio, o ateliê de pintura do meu parente e artista plástico Achille Dal Secco (na foto abaixo, pequena amostra das obras e informações sobre o local, para quem quiser conhecer), etc.

Laboratório artístico Achille Dal Secco: funcionamento de segunda a sexta, das 8h00 às 11h30 e das 14 às 18h30.
Fechamos o dia com “chave de ouro”, jantando no maravilhoso restaurante Agriturismo Paradiso, que fica no alto de um monte e de onde se vislumbra várias cidades do entorno. O jantar foi uma bela surpresa que recebi de presente dos meus parentes italianos, que escolheram o lugar a dedo e aos quais agradeço pela linda e calorosa recepção.

Jantando com familiares no Agriturismo Paradiso.
DIAS 4 e 5 – VENEZA – Pela manhã voltamos para Veneza (desta vez de ônibus pelo único motivo que seria o primeiro a partir, mas o local de embarque e o preço eram os mesmos do trem) e desembarcamos no terminal de ônibus Passageri SPA, que fica ao lado da Estação de trem Santa Lucia (pronuncia-se “luchía”).
O nosso principal objetivo na cidade era sair sem rumo para sentir e vivenciar um pouquinho a realidade desse lugar único, tão diferente dos que estamos acostumados. Então, apesar de termos visitado alguns pontos considerados imperdíveis, como os que listarei abaixo, a maior diversão foi observar a movimentação de “barcos” de polícia, ambulância, bombeiro, táxi, mercadorias, etc. às margens do Grande Canale e dos inúmeros pequenos canais.
Uma grande dificuldade que se tem em Veneza é encontrar os lugares, tendo em vista que parece um labirinto. Para facilitar, fica a dica: localize-se a partir dos “campos”, que são pequenas praças devidamente nomeadas (vide círculos vermelhos na foto abaixo), ou seja, uma espécie de “respiro” e guia para se situar entre aquele emaranhado de vielas.
Andamos muito à pé mas, para distâncias maiores, por diversas vezes utilizamos o vaporetto (espécie de ônibus aquáticos que são distribuídos em várias linhas e vão parando nos pontos e passageiros embarcam e desembarcam quantas vezes quiserem, conforme explicação no próximo parágrafo). Os vaporetti transportam dezenas de pessoas de uma só vez e os bilhetes podem ser comprados nas diversas máquinas da ACTV espalhadas pela cidade, bem como nas bilheterias Hellovenezia, em bancas de revista, tabacchi e demais estabelecimentos que tiverem o adesivo ACTV.
Os valores dos bilhetes variam conforme a duração do passeio: você pode escolher o de 75 minutos (que custa 7,50 euros e os minutos são contados a partir do momento em que você o valida na entrada do barco) ou por 24 ou 48 horas, pelo preço de 20 ou 30 euros, respectivamente (compensa muito as últimas opções, pois dá o direito de entrar e sair à vontade e viajar em qualquer trecho durante o período de duração, inclusive para as ilhas de Murano e Burano). O nome do bilhete é “Venezia unica city pass”. Consulte e compre aqui – site oficial.

Mapa das linhas do vaporetto.
Para quem pretende fazer o tradicional passeio de gôndola, o valor é de 80 euros por gôndola (preço único para até 6 pessoas) e dura cerca de meia hora. Dica: o trajeto depende do “ponto” onde a pega, ou seja, não é possível escolher o caminho. Se você tiver preferência de roteiro, informe-se antes para embarcar no lugar certo.

Passeio de gôndola sob a Ponte di Rialto.
A hospedagem foi no simples e simpático Hotel Lux e, para minha surpresa, a recepcionista que nos atendeu era brasileira. É uma opção econômica e bem localizada (atrás do famoso hotel Daniele e bem próximo à Piazza San Marco) porém sem qualquer acessibilidade (na verdade, locomover-se com cadeira de rodas ou carrinho de bebê é quase impossível na cidade toda, que é cheia de degraus).

Café da manhã no Hotel Lux.
Quanto aos lugares que pretendíamos visitar, obviamente não foi possível ir a todos, mas vou deixar uma lista e dicas sobre alguns deles aqui:
A Piazza San Marco, que é um dos pontos mais visitados e fotografados de Veneza, é uma grande praça envolta por vários restaurantes, cafés, museus, e sempre repleta de pombos que diariamente vão ali na esperança de conseguirem alimentos (e são tão domesticados que é possível alimentá-los na mão).

Piazza San Marco (ao fundo, a Basílica San Marco).
Numa das extremidades da Piazza San Marco fica a Basílica San Marco (igreja onde São Marcos foi sepultado). A entrada é grátis (mas desisti em razão da grande fila que havia no local no dia que estive lá).
Bem na frente da Basílica San Marco, fica o Campanile (ou campanário), que é uma torre com cerca de 50 metros de altura em cujo topo fica os 5 sinos da igreja e de onde se obtém a melhor vista de toda a cidade de Veneza. O preço para subir nela é de 8 euros. Apesar de ter elevador, não subi porque, além da grande fila que havia ali também (odeio filas! rs) eu sabia que já iria ver a cidade do alto quando fosse no Palazzo Ducale.
E, por falar nele, o Palazzo Ducale (também conhecido como Palácio do Doge) era onde ficava o Doge (maior autoridade da República de Veneza) e o que podemos chamar de Tribunal de Justiça. Fizemos um passeio guiado por seu interior, incluindo no pacote o itinerário secreto, que é a visita às antigas prisões ali existentes e que passa pelo interior da ponte do suspiro (foi dessa prisão que o famoso sedutor Casanova conseguiu fugir). O passeio é oferecido em italiano, inglês ou francês. Para esta visita é necessário agendar com antecedência (compre e agende aqui – site oficial). O bilhete dá direito de visitar o interior do Palácio, que, por sinal, é maravilhoso!
Outros lugares a se visitar em Veneza são: a Ponte di Rialto, o Teatro La Fenice, a Basílica Santa Maria Della Salute, a Punta della Dogana (ponta da alfandega), Chiesa (igreja) San Simeon Piccolo (onde fica a única catacumba de Veneza), o bairro Cannareggio – onde fica a Ponte Tre Arch (única ponte de 3 arcos de Veneza), o ospedale (hospital, situado no Campo S. Giovanni e Paolo) e o giardini, o bairro Dorsoduro – onde fica a Accademia di Belle Art (museu próximo à Ponte della Accademia), o Pallazo Contarini Del Bovolo e a Fondamenta Zátara (espécie de calçadão) .
Para quem tiver curiosidade de conhecer um “hospital” de gôndolas, é só ir até o Squero di San Trovaso, na Fondamenta Nani, e poderá ver o conserto desse romântico meio de transporte. Mais uma curiosidade sobre as gôndolas: tradicionalmente a roupa dos gondoleiros é sempre a mesma (camiseta listrada) e essa profissão é sempre passada de pai para filho, ou seja, não se pode iniciar essa carreira quem não é de família de gondoleiros.
Se seu tempo permitir, vá até as ilhas de Murano e Burano. A primeira é famosa pela fabricação de lindas obras de vidro (você pode acompanhar a confecção de uma peça ao vivo, só não se esqueça de dar gorjeta ao artesão no final da apresentação). A segunda é mundialmente conhecida pelas casas coloridas. A forma mais prática e barata de ir até elas é de vaporetto (mas vá logo de manhã, pois muitos lugares fecham cedo por lá).
Dica: Veneza tem uma vasta gama de atrativos. Selecione suas prioridades conforme o número de dias que terá disponível, mas cuidado para não encher demais a sua agenda com eventos comprados antecipadamente, para não correr o risco de perder o valor investido.
O que comer: apesar de ter viajado com algumas indicações de locais para comer, por questão de logística preferi fazer minhas refeições em qualquer lugar pelo caminho por onde passava. Quanto ao que comer, para quem quiser saborear um prato típico veneziano, aqui estão alguns deles: Baccalà Mantecato (servido como antepasto, é um creme de bacalhau para comer com a polenta ou com pedacinhos de pão, o crostino), Sarde in Saor (prato frio: antepasto feito à base de sardinhas, que são colocadas em camadas alternadas com cebolas e banhadas com vinagre, podendo acrescentar uva passa e pinoli), Fegato alla veneziana (clássico prato da culinária típica veneziana que tem somente dois ingredientes: fígado – geralmente de vitela – e cebolas, às vezes se acrescenta salsinha e vinagre), Nero di seppia com spaghetti ou polenta (feito com tinta de lula – fica preto – e geralmente acompanha spaghetti e em alguns restaurantes é servido com polenta), Polenta e schie (uma polentinha bem mole coberta com schie – minúsculo camarão proveniente da laguna de Veneza).
No quesito sabores, a dica que dou é: estando na Itália, tome muitos spritz (bebida alcoólica à base de aperol, prosecco e água com gás) e gelatti (sorvetes). Únicos e inesquecíveis.
DIAS 6 e 7 – VERONA – Logo pela manhã pegamos o trem de alta velocidade da empresa Italo, na Estação Santa Lucia de Veneza e, cerca de 1 hora depois, desembarcamos na Estação Porta Nuova, em Verona.

Ao fundo, Arena de Verona.
Eu procuro sempre me hospedar em lugares estratégicos para facilitar a locomoção e a logística dos passeios. E aqui não foi diferente. Consegui, pelo aplicativo AIRBNB, alugar uma suíte no apartamento de um casal muito simpático, Ruth e Maurizio, que nos acolheu muito bem e nos deu várias dicas sobre a cidade (o título do apartamento no aplicativo é Verona Doorway). Para quem nunca utilizou o aplicativo, se reservar a partir deste link, além de você obter um desconto de R$ 179 na sua hospedagem, ainda estará me ajudando a ganhar uma pequena comissão também.
Fiquei encantada com a beleza de Verona e é perfeitamente possível passear à pé pelos principais pontos turísticos.
Como teríamos apenas 2 dias para explorar a cidade, começamos indo até o portal chamado Porta dell’Orologio após o qual já se avista a famosa Piazza Bra, cheia de hotéis e restaurantes com mesas nas calçadas. Ali que fica também a casa onde viveu Giuseppe Garibaldi. No meio da praça tem um monumento de Vittorio Emanuele II e, ao lado, a Arena di Verona. Para entrar na arena você pode comprar o bilhete no próprio local, por 10 euros. Se adquirir um combo chamado Verona Card (que custa 18 euros o que tem validade de 24 horas e 22 euros o de 48 horas) terá direito a ir a outras atrações também, como: Casa di Giulietta, Teatro Romano, Museu de História Natural, Museu di Castelvecchio, Torre dei Lamberti, entre outros. Acho que compensa adquirir o Verona Card. Quanto à arena, fiquei um pouco decepcionada com ela pois, além de ser bem menor que o Coliseu de Roma, grande parte do recinto estava interditada para reforma.
Da arena seguimos pela Via Giuseppe Mazzini (onde fica a maioria das lojas das grandes grifes) até chegar na Piazza Erbe. Além da linda fonte e dos vários restaurantes que tem no entorno, toda a praça estava repleta de barracas que vendiam de tudo: alimentos, roupas, bolsas, souveniers, etc. Ali que fica também a Torre dei Lamberti, que, com os seus 84 metros de altura é, pelo menos para mim, o melhor lugar para visualizar toda a cidade do alto. É um passeio barato (entre 5 e 8 euros) e que, a meu ver, vale muito a pena. Dica: a menos que você seja um exímio esportista, pague 1 euro a mais para subir de elevador, ou poderá chegar ao topo fisicamente esgotado, já que são 368 degraus.
A Casa de Giulietta também é outro tradicional e imperdível passeio. É a casa onde morou a verdadeira Julieta, personagem do romance de William Sheakspeare. Logo na entrada tem uma estátua em sua homenagem (diz a lenda que tem que passar a mão nos seios dela para dar sorte; lenda ou não, eles vivem lustrados rs). Nos vários andares da casa se vê móveis, objetos e roupas que pertenceram a Julieta e, num dos andares, há uma sala com papel e caneta para quem quiser escrever cartas para ela. Claro que fiz isso, como manda a tradição, mas não imaginei que receberia a resposta. E não é que, depois de 10 meses, ela chegou na minha casa ao Brasil? Fiquei feliz e surpresa por ver o cuidado das pessoas que fazem esse trabalho de responder, de próprio punho, a todas as cartinhas. E de graça!!!

Estátua de Giulietta.

Carta de Giulietta.

Eu na sacada da casa de onde Giulietta namorava Romeo.
Em outro endereço, junto ao Museo degli Affreschi ‘G. B. Cavalcaselle‘, fica a Tomba de Giulietta (sepultura de Julieta) e, logo na entrada há um lindo jardim que serve de “palco”, inclusive, para juras de amor de casais apaixonados (no dia da nossa visita teve até um casamento cuja cerimônia começou no jardim e depois seguiu para o salão ali existente).
Tem também a Casa di Romeo mas esta nem de longe é tão visitada quanto àquela e, como nosso tempo era escasso, também desistimos de ir lá.
Uma dica sobre onde comer em Verona é o Kofler Kafé Arena. Local agradável, com variedade de pratos e preços atraentes.
Bem, não deu para fazer muita coisa nos dois que passamos ali, mesmo assim andamos bastante à pé pela cidade e, com a dica da minha amiga Katia Machado, seguimos em direção à Ponte Pietra para fazermos um happy hour na Salumeria Gironda (casa de queijos, frios em geral e vinho) que fica ali pertinho. O lugar é pequeno mas, depois de escolher e pagar pelos produtos, eles te emprestam uma cesta e te permitem usar o terraço para fazer um piquenique. Vale muito a pena pois imagine saborear os melhores frios e degustar um bom vinho diante de uma paisagem deslumbrante (vista panorâmica da cidade) e com o som relaxante das águas do rio Adige, que passa ao fundo. Só não gostei dos copos descartáveis. Acho que um bom vinho merece ser degustado numa taça, e só vi que os copos oferecidos pela loja eram de plástico depois que já tinha comprado tudo.
DIA 8 – BERGAMO – Pela manhã novamente pegamos um trem e logo estávamos em Bergamo. De novo devo meus agradecimentos à Katia pois eu não conhecia essa cidade de uma beleza tão peculiar e, não fosse pela sua indicação, não teríamos reservado sequer um dia para conhecê-la um pouco. E realmente foi pouco! Adoraria voltar lá um dia.
Um muro de pedra imenso (tipo de arrimo), conhecido como Le Mure, atravessa a cidade de um a outro lado, dividindo-a entre città bassa (que é mais baixa) e città alta (parte alta da cidade). É possível subir até à città alta à pé, de carro, de ônibus ou de funicolare (bonde puxado por cabo de aço). Esta última foi minha opção pois, além de ser diferente, não cansa, chega rapidinho, barato (não lembro direito mas acho que custou em torno de 2 euros) e ainda é possível ir vislumbrando o verde da paisagem (dica: voltar para a città bassa à pé, contornando aquele imenso muro e deliciando-se com cada paisagem deslumbrante que for aparecendo pelo caminho).

Pose no Le Mure.

Le Mure (muralha da cidade de Bergamo).
Difícil descrever cada detalhe mas, se você puder visitar Bergamo, deixo aqui algumas sugestões: primeiramente, faça tudo à pé; na città bassa, siga andando pela principal avenida da cidade, Viale Papa Giovanni XXIII, que começa pela estação de trem; na città alta, passe pela Puorta San Giacomo, visite a Catedralle di Bergamo (mas não deixe de entrar na igreja que fica ao lado dela, chamada Santa Maria Maggiore: além de ser maior que a catedral, é toda decorada a ouro e madeira de lei, com um lindo órgão de tubo e muitos detalhes, desde a porta de entrada até a cumeeira do telhado. Simplesmente maravilhosa!) e perca-se naquelas ruazinhas de pedra da cidade.
Quanto ao que comer, minha dica é: prove o casoncelli (espécie de ravioli geralmente recheado com carne suína, manteiga e salvia) que é um prato típico de Bergamo, e, de sobremesa, Polenta e Osei (é um bolinho com recheio de mousse de chocolate e nozes decorado com um passarinho de chocolate, também típico da cidade). Provei (e aprovei) ambos.
Dicas de lugares para comer: na città bassa, Osteria D’Ambrosio; na città alta, Tratoria Tre Torri ou Pizzeria Città Alta.

À esquerda, casoncelli; à direita, polenta e Osei.
Curiosidade: o conhecido sorvete de flocos (em italiano: stracciatella) foi criado na cidade de Bergamo, mais precisamente na Gelateria la Marianna, que é um point da città alta.

La Marianna.
Hospedagem: por questão de logística e preço, reservamos, pelo Airbnb, um apartamento estúdio na cittá bassa, próximo à estação de trem. Apesar de não ter acessibilidade, ele era bem aconchegante e equipado, e seu proprietário, Enrico, muito prestativo. Para quem se interessar, o título do anúncio no aplicativo é Bgy Central Apartment-Studio. Detalhe: o prédio não dispõe de portaria e a entrada é feita com chave que é deixada no cofre eletrônico. Como eu nunca tinha visto um, não consegui abrir e o proprietário teve que ir até o local para me ensinar. A sorte foi que ele estava na cidade e leu minha mensagem assim que a enviei. Posteriormente gravei um vídeo ensinando abrir o cofre para ajudar aos demais viajantes que, assim como eu, também não conhecem esse sistema. Para assisti-lo, clique aqui.
DIA 9 – MILÃO – Como nos trechos anteriores, novamente pegamos um trem pela manhã em Bergamo com destino a Milão mas infelizmente desta vez o desfecho não foi como o esperado. Então, antes de falar da cidade, propriamente dita, vou contar o que aconteceu: assim que desembarcamos em Milão, percebi que havia esquecido meu smartphone no trem, então voltei rapidamente para o vagão onde eu estava e não o encontrei mais. Eu havia sido a última a descer do vagão (era ponto final e todos os passageiros haviam desembacado) então eu sabia que ele ainda estaria por ali. No entanto, havia um fluxo muito grande de pessoas no local e os assentos já estavam todos ocupados novamente, pois o trem partiria em poucos minutos. Procurei e perguntei a todos do vagão e ninguém se manifestou. Rapidamente então pedi ajuda a um funcionário da empresa e ambos corremos pelos demais vagões perguntando, gesticulando, mas quem o achou não o devolveu. Tentei pedir par que fechassem as portas e chamassem a polícia, mas simplesmente disseram que não poderiam fazer isso. Ou seja, meu dia naquela cidade começou muito mal. Registrei boletim de ocorrência (num posto policial que tem dentro da própria estação), cadastrei-me nos “achados e perdidos”, tentei ligar e rastrear o aparelho, e nada. Resumindo, alguém se aproveitou da minha distração e furtou meu celular, que nunca mais consegui recuperar.
Mas você deve estar se perguntando: por que ela está contando isso tudo?
Primeiro, para justificar as poucas fotos e vídeos que postei nas minhas redes sociais sobre esta viagem. Eu registro tudo com o meu celular e cometi o grande erro de não ir fazendo o backup aos poucos (eu havia programado de fazer isso no dia seguinte, durante um grande percurso que faríamos de trem). Resumindo: perdi mais de 2 mil fotos e muitos vídeos que eu estava editando para publicar no blog e demais redes sociais. Isso que acontece quando teimamos em achar que certas coisas nunca vão acontecer com a gente.
Segundo, para te dar algumas dicas sobre o que aprendi com o ocorrido:
1. Não é porque você está na Europa, que pode vacilar. Portanto, cuide bem dos seus pertences aonde quer que esteja;
2. Não confie “sua vida” a apenas um aparelho celular durante uma viagem. Só não me senti mais perdida num lugar desconhecido (sim, era minha primeira vez naquela cidade) porque sempre tomei a precaução de imprimir, em duas vias, todos os bilhetes e reservas, que levo comigo nas viagens, mantendo um jogo na bagagem de mão e o outro na mala despachada, e foi graças a eles que consegui chegar até o hotel;
3. Os “perrengues” fazem parte de qualquer viagem e não devemos nos deixar abater por eles. Tudo depois vira história para contar.
Bem, desabafo feito, vamos ao que interessa.
Teríamos apenas 24 horas em Milão e depois de ter perdido horas na polícia e chorando no quarto do hotel sem querer sair enquanto trocava senhas e providenciava o bloqueio das minhas contas, pensei: já perdi o smartphone, vou agora deixar de conhecer pelo menos um pouquinho da cidade? Não mesmo. Então lavei o rosto e, mesmo com os olhos inchados, decidi que deveria ir passear. E lá fomos nós.
Estrategicamente reservamos o Hotel Brianza que, além de preço bom, ficava próximo à estação de trem e de pontos de bonde, e ainda era possível ir à pé aos principais pontos turísticos. Então seguimos pela Via Corso Venezia e, a partir dela, demos umas voltas pela Via Montenapoleone, Via Manzoni e Via Della Spiga, que são as ruas conhecidas como o “quadrilátero da moda”, pois é onde se concentram as lojas das grandes grifes.
Então voltamos à Via Venezia e continuamos a caminhada até a Duomo di Milano (catedral) e aproveitamos para visitar a Galleria Victorio Emanuele II, que fica bem ao lado.

Duomo di Milano

Galleria Victorio Emanuele II
De volta à praça da catedral (Piazza del Duomo), desta vez seguimos pela rua chamada Piazza dei Mercanti em direção ao Castello Sforzesco. O valor do ingresso para visitar o lado interno do castelo é de 10 euros (até o momento de fechamento desta matéria), mas, para quem não quiser entrar ou não tiver tempo para isso, pode visitar gratuitamente seus pátios e jardins, que são lindos, depois basta atravessar por dentro do castelo e chegará ao Parco Sempione. Seguindo por ele, logo avistará o Arco della Pace. Atenção: muito cuidado com seus pertences no parque: é um lugar muito lindo onde pessoas sentam na grama para tomar sol ou fazer piquenique; no entanto, no dia que estivemos lá, sentimos o lugar meio perigoso pois havia algumas pessoas (aparentemente imigrantes ilegais, pois falavam idioma que eu não conhecia), que ficavam encarando os turistas e suas bolsas e mochilas. Em determinado momento me assustei com um grupo que veio na nossa direção e, com medo de sermos assaltados, ao percebermos que estavam nos cercando, pegamos nossa mochila e saímos logo dali.

Parco Sempione (ao fundo, o Arco della Pace).

Pátio do Castello Sforzesco.
No entorno do Parco Sempione e do Arco della Pace há vários restaurantes que no final da tarde oferecem o que eles chamam de happy hour. Nesse sistema paga-se um valor único (e barato – cerca de 11 euros) para comer à vontade (só a bebida é paga à parte) e no aparador são servidos salgados, frios, pasta, arroz, saladas, carnes, etc. E foi só quando passamos em frente a esses restaurantes que lembramo-nos que, com o estresse que havíamos passado com a perda do celular, não havíamos comido nada o dia todo. Então paramos ali, sentamos numa das inúmeras mesas distribuídas pela praça e nos fartamos, mesmo com o maior frio que fazia naquele momento.
Depois pegamos um bonde (a cidade é bem servida de meios de transporte público) e voltamos para o hotel. Para um dia que seria totalmente perdido, até que foi proveitoso!

Happy hour próximo ao Parco Sempione.
DIA 11 – SUIÇA – Na manhã seguinte pegamos o trem novamente, desta vez para uma viagem internacional de 4 horas de duração, rumo a Lucerna, na Suíça. Mas esta parte da viagem contarei em outra publicação.
Deixo o convite para você visitar também minha página Viajando sem Neura, no Facebook, e seguir-me no Instagram e no Youtube. Além das postagens escritas no blog, também costumo fazer algumas transmissões ao vivo no Facebook e publicar algumas curiosidades nos stories e fotos do Instagram.
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Site muito bem organizado, muito explicativo. Espero muito quando acabar esta quarentena, poder viajar para Itália e relembrar dos antepassados principalmente… Sucesso e progresso. ❤️