Viajando pela Europa com Diogo Reatto

Acima (e centro, à esquerda):Parque Rio-Madrid (Río Manzanares); centro, à direita: Place du Luxembourg, Paris. Abaixo: à esquerda, Alcázar (Segóvia – Espanha); e, à direita, Torre Eiffel, Paris.
DESTINOS VISITADOS: Espanha e França.
Fugindo um pouco do molde usual de entrevistas, achei interessante transcrever, na íntegra, a bela dissertação do meu amigo e, agora, correspondente, Diogo Reatto, que contou, com riqueza de detalhes, sua viagem pela Europa. A cada linha abaixo você se sentirá embarcando numa grande aventura, como num livro. Confira:
“Viajar é descobrir um mundo novo. Mesmo que seja para o mesmo lugar, deparamo-nos sempre com novas realidades.
Minha última experiência durou 15 dias, sendo 8 na Espanha e 7 na França, e a viagem aconteceu na segunda quinzena do mês de outubro de 2014 na companhia de um amigo. O outono começava a dar o seu ar romântico, com poucas folhas mudando de cor, e a temperatura estava agradável na Espanha (por volta de 15⁰C à noite e 25⁰C durante o dia). Já na França, um pouco mais frio, mas nada de cachecol, luvas e casacos.
Embora viajar seja uma aventura e devemos estar abertos a novas experiências, planejamento é imprescindível, principalmente quando não se domina o idioma. Faço essa ressalva pois não falo nem 20 palavras de francês mas, com roteiro e informações em mãos, consegui resolver tudo o que precisei. No entanto, presenciei algo muito desagradável ao encontrar colegas brasileiros totalmente perdidos e achando que o cidadão francês era obrigado a compreender suas frases desconexas, improvisadas num idioma inventado ali, na hora do aperto. Depois ainda taxam o anfitrião de mal educado. Pior ainda na Espanha, onde pensavam que espanhol fosse a mesma coisa que português. Educação acima de tudo!
ESPANHA
O primeiro passo é a imigração. Eles são implacáveis. Por isso, leve todos os documentos organizadíssimos numa pasta (roteiro, reservas de hotéis, cópia dos e-tickets). Para nós não fizeram perguntas. Somente um sorriso, um Buenos Días e, pronto, já estávamos em Madrid.
Gosto de conhecer lugares novos mas, depois de Madrid, só o céu (“De Madrid al cielo”, como dizem os espanhóis). Sentimo-nos em casa. Ficamos hospedados num “hostal” (Hostal Avenida), em plena Gran Vía. Fascinante! Reservei os hotéis pelo site www.booking.com. Tranquilo, rápido, fácil e seguro. O pagamento é feito no próprio hotel, na hora do check-in. Dica sobre os hotéis: aqueles localizados nos centros urbanos (geralmente em prédios históricos belíssimos de séculos passados, quando o Brasil ainda nem havia sido descoberto) possuem infraestrutura limitada. Os elevadores são pequenos (isso quando existem!) e os banheiros, minúsculos, pois tudo isso foi adaptado aos tempos modernos. Avalie suas reais necessidades para depois não reclamar da inexistência dos serviços nos comentários que deixar nos sites especializados em reserva de hotéis e passar por ignorante.
Os dois primeiros dias foram reservados para Madrid e seu luxuoso conjunto arquitetônico. Como adoro andar, porque acredito que é a melhor maneira de se descobrir um lugar, afirmo que é possível conhecer os principais pontos de Madrid a pé. O centro é bem compacto. No dia seguinte, ida rápida (tipo bate-volta) a Salamanca, para uma visita técnica à Universidade; a Segóvia, minha cidade de contos de fadas (é só caminhar pelo lado de fora das muralhas em direção ao Alcázar e, depois, descer as escadas laterais do castelo até uma ponte longínqua para se obter os melhores ângulos para aquelas fotos de revistas de turismo); e a Ávila. Nos demais dias, visitas aos parques de Madrid, com destaque para o Parque Río-Madrid: inaugurado em 2011, revitalizou toda a área do Río Manzanares, que corta a cidade. Local para caminhadas, patins, andar de bicicleta e apreciar a beleza do moderno com o medieval.
Para mim, os únicos serviços essenciais são: comer, o que em Madrid é muito fácil, com opção de restaurante a quilo, o que facilita para os que não dominam o idioma e receiam comer à francesa; e o metrô, que funciona igualzinho ao das grandes cidades brasileiras, inclusive sai do aeroporto e vai até o centro da cidade e vice-versa.
Felizmente para mim e infelizmente para aqueles que esperam ouvir histórias engraçadas de “micos” e “foras”, desta vez não tive nenhuma. Como já escrevi acima, planejar é sempre essencial, mesmo que você já conheça o local e domine o idioma.
Deixamos a Espanha de trem (de alta velocidade) rumo a Paris. Os bilhetes foram comprados ainda no Brasil com antecedência de 3 meses (www.raileurope.com.br). Nada de deixar para comprar a passagem lá pois, além de ser difícil encontrar de última hora, caso consiga vai pagar muito mais caro. A dica é chegar cedo à estação e embarcar o mais rápido possível para garantir espaço para a bagagem. Nos trens espanhóis, os espaços para a bagagem até que são amplos. Já nos franceses, só há lugar para duas malas médias por vagão. A viagem é demorada (12 horas). Por isso, compre livros e revistas para se distrair, e deixe os passaportes sempre à mão, pois a polícia de fronteira pode embarcar e conferir “a cara com o passaporte”. Aconteceu conosco.
FRANÇA
A chegada a Paris foi tranquila. Nada de verificação de bagagem, alfândega ou passaporte. Foi só pegar a mala e ir em direção ao metrô. Os franceses são maravilhosos, corteses (desde que você não seja um “sem-noção”, siga as regras básicas de cordialidade, ou seja, não seja arruaceiro; é só ser elegante como eles que tudo sai bem!). Dessa forma, saí do trem e dirigi-me à estação do metrô. Muito simples. Em 20 minutos estava no hotel, no bairro de Montmartre. É o meu lugar preferido em Paris. Finco raízes e não saio daquele bairro por nada.
Nesta viagem à França, como já conhecia o eixo turístico, escolhi conhecer alguns pontos frequentados pelos parisienses: Place du Luxembourg (considerada, para muitos e para mim, mais bonita que Versailles), Parc des Buttes-Chaumont, Parc Monceau e Parc de la Villette. Cada um com seus encantos (e muitos encantos!). Perfeitos para caminhadas vagarosas e contemplativas.
Entre tantos momentos de calmaria, vale muito a pena uma visita a um dos parques da Disney, para agitar, mesmo para aqueles que não são “disneymaníacos” como eu. Tudo muito acessível. Comprei os bilhetes com antecedência (ainda no Brasil, também). A atração do Ratatouille foi inaugurada em 2014. Mesmo com filas quilométricas na véspera de Halloween, deu para aproveitar o essencial do parque. Volta-se para o hotel esgotado, mas muito feliz e com muitas pelúcias.
Num outro dia, com os bilhetes já comprados (de novo: com antecedência, ainda no Brasil) um bate-volta a Londres, de Eurostar (trem de alta velocidade que passa por debaixo do Canal da Mancha). Por ser uma viagem internacional, deve-se chegar uma hora antes à estação (Gare du Nord) para os procedimentos de imigração.
Portanto, convém levar todos os documentos organizadíssimos e estar preparado para responder às perguntas das autoridades: por que você vai a Londres? Quanto tempo ficará? O que você faz no Brasil? Passaporte carimbado, então, duas horinhas de viagem (não, não dá para ver nada no Canal da Mancha: é só um túnel, como o do metrô, com 20 minutos no escuro) e chegamos à Estação St. Pancras. Para os fãs de Harry Potter (como eu), indispensável ir à Estação King’s Cross. Só sair da estação St. Pancras e atravessar a rua. Logo se avista, no saguão da King’s Cross, um tumulto de crianças, adolescentes e adultos querendo tirar foto diante de uma da placa Plataform 9 ¾. Escolha o cachecol da sua escola e salte, para sair bonito na foto. Lojinha com souvenirs caríssimos ao lado.
A visita a Londres foi rápida e cansativa. Ao contrário de Madrid, o centro não é compacto e é necessário valer-se dos meios de transporte para dar conta do itinerário. Os metrôs são lotados e, os bilhetes, caros (4 libras cada – o equivalente a 20 reais, considerando o câmbio de julho/2015). Esse foi meu erro nesta viagem: faltou planejamento para Londres! Dica: usar os ônibus turísticos de serviço hop-in hop-off.
A principal mensagem sobre uma viagem é que cada um constrói as suas experiências. Não há verdades absolutas. Cada um percebe a magia de cada local de maneira única. Por isso, tenho muita cautela ao dizer se um lugar é melhor ou pior que outro. Visitamos os lugares em épocas do ano diferentes, com idades e companhias diferentes. Então, nossas impressões nunca serão as mesmas. O interessante é compartilhar os pontos de vista de cada pessoa e, ao retornar, construir os seus próprios, permitindo, positivamente, que o outro trace seu próprio caminho e construa suas próprias experiências de viagem. Que Madrid e Paris possam deixar marcar belíssimas em cada um, e sem neuras!”
por Diogo Reatto
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Diogo, amei seu depoimento, rico em detalhes, ao mesmo tempo sucinto e objetivo, muito gostoso de ler. Com certeza me instruiu. Parabéns.
Parabéns, Val!!