Viajando com Alexandre e Anazar – parte 3/3 – Oriente Médio

ONDE E QUANDO

Para fecharmos a terceira e última etapa do nosso “mochilão” que durou 6 meses no total, seguimos para o Oriente Médio, passando pelos Emirados Árabes Unidos, Egito, Líbano, Israel e Palestina, com uma escala, de última hora, no Chipre.

Se você ainda não leu os relatos anteriores, clique nos links abaixo:

Esta etapa da viagem ocorreu em janeiro de 2020. Sem dúvidas escolhemos uma das consideradas melhores épocas para se visitar grande parte do Oriente Médio, devido ao clima ser mais ameno e agradável, especialmente em Dubai, onde, no verão, as temperaturas atingem facilmente a casa dos 40°C, tornando-se quase impraticável caminhar tranquilamente pelas ruas.

Fizemos todo o trajeto de maneira independente, sempre pesquisando bastante na internet e contando com dicas valiosas dadas pelos moradores locais que encontrávamos e fazíamos amizade ao longo da viagem.

Destinamos 1 mês para visitarmos esses 6 países, o que acreditamos ter sido suficiente. Dedicamos um maior número de dias (10, para ser mais exato) para o Egito, graças à sua imensa herança cultural e também por ser um país super barato, bem diferente da realidade de Israel que, para nossa surpresa, foi o país mais caro que visitamos.

IDIOMAS

Quanto aos idiomas, por serem lugares com um alto fluxo de turistas e estrangeiros, no geral é possível se comunicar muito bem em inglês, especialmente em Dubai, Tel Aviv, Jerusalém e Beirute (onde também possui muitas pessoas que falam francês e português); porém, no Cairo, encontramos um pouco mais de dificuldade na parte da comunicação porque a maioria dos nativos fala apenas o idioma local, o que reflete, também, nas placas da cidade, que geralmente são escritas apenas em árabe.

Sharjah Corniche, Emirados Árabes Unidos.

O QUE COMER

A culinária árabe tem pratos e alimentos divinos, dentre eles vale destacar o pão egípcio, facilmente encontrado pelas ruas do Cairo, e também o famoso shawarma, um lanche servido no pão árabe, recheado com inúmeros ingredientes, com destaque para o homus (uma pasta de grão de bico) e o labneh (coalhada seca).
Dentre as mais saborosas, a culinária libanesa e síria se destacam. Apesar de não existir, no Líbano, o prato que conhecemos no Brasil como “beirute” (pois se trata de uma criação brasileira – o que também foi uma grande surpresa para nós rs), existem outros pratos magníficos como o tabulé (salada feita com trigo, tomate, cebola, salsa e outras ervas e temperos), a mjadra (arroz com lentilha e uma pitada de canela), o baba ganoush (purê de berinjela) e o falafel (bolinho de grão de bico moído), imperdíveis em uma ida ao Oriente Médio.

CHOQUE CULTURAL

Mesmo vivendo em um mundo altamente conectado e com bastante informação, visitar locais como esses nos proporcionou um grande choque cultural impulsionado pela religião, vestimentas e muito mais, especialmente quanto adentrávamos em aéreas menos turísticas. Apesar disso, em Jerusalém e Dubai, apesar de serem cidades altamente globalizadas, foi onde tivemos o ápice desta sensação, nos despertando muita curiosidade em aprender mais sobre os costumes e tradições locais.

Apesar de concordarmos sobre a maioria das coisas desta viagem, eu e o Anazar nos divergimos em algumas questões com relação ao Egito. Por exemplo: ele adorou toda a experiência e imersão que a cidade do Cairo proporciona. Já eu, Alexandre, em alguns momentos fiquei um pouco receoso e inquieto com o cotidiano do lugar. Achei uma cidade muito barulhenta e desorganizada. Além disso, apesar de ser vibrante e possuir uma imensa herança histórica e cultural que lhe garante o título de uma das maiores civilizações da Antiguidade, atualmente o cenário que vimos foi de muitas construções inacabadas, além de grande número de pedintes e muita pobreza.

Outro fato que nos entristeceu muito foi a respeito da grande opressão existente sobre as mulheres e a intolerância contra populações LGBTQ. Para se ter uma ideia, em alguns desses países a homossexualidade pode ser punida com prisão e até pena de morte. Claro que esses cenários vêm mudando ao longo do tempo mas ainda há um longo caminho a ser percorrido.

Ao contrário do que muitos pensam, é possível sim visitar Dubai mesmo com um orçamento mais limitado. Um dos maiores gastos fica mesmo com a passagem aérea pois, tanto para a alimentação como para a hospedagem, é possível encontrar opções com um bom custo-benefício pelo fato de o dirham (moeda local) ter cotação bem próxima ao real (1 AED = R$ 1,48*). Porém, se o seu bolso permitir, o céu é o limite em Dubai  pois, sem dúvidas, é uma das cidades mais luxuosas e deslumbrantes do mundo, repleta de hotéis 5 estrelas, ouro e muito glamour.

De uma forma geral, o Egito é um país bem barato para se visitar. Um ponto negativo é a necessidade de visto para brasileiros, que é emitido no próprio aeroporto, assim que se desembarca no país (saiba mais). Na época da nossa viagem, pagamos 25 dólares.

Um outro gasto a se considerar é o com uber/táxi pois o transporte público é escasso e bastante confuso para os turistas.

Pirâmides, Gizé, Egito.

Por outro lado, Israel já é o oposto: os serviços oferecidos são de ótima qualidade, porém é um país extremamente caro (percebemos isso logo no primeiro momento, quando fomos comprar café expresso comum e pagamos 14 shekels (na época, o equivalente a cerca de 19 reais), por cada xícara.

SURPRESA BOA

Um dos pontos mais legais, e totalmente não planejado, da viagem foi nossa ida ao Chipre. Eu explico:

Geralmente, antes de iniciarmos qualquer viagem, nós sempre compramos todas as passagens aéreas com antecedência. Porém, desta vez, não havíamos comprado o trecho Líbano-Israel. Como este seria nosso último destino, pensamos que poderíamos ir para lá por via terrestre, já que os países são vizinhos e, de carro, são cerca de 4 horas de Beirute à Tel Aviv. Porém, só fomos descobrir, 2 semanas antes da nossa volta para o Brasil, que simplesmente não existem voos, muito menos ônibus, ou trem, do Líbano para Israel, devido às difíceis relações diplomáticas entre os dois países, e uma das únicas opções seria pegarmos um voo com escala em outro país (o que nos custaria cerca de 3 mil reais e estava totalmente fora do nosso orçamento, especialmente no final da viagem). A outra alternativa seria irmos para algum outro país e, de lá, voarmos para Israel.

E é aí que entra o Chipre no nosso roteiro. Surpreendentemente, a companhia aérea Ryanair oferecia voos low cost, a partir de 5 euros, de Beirute a Paphos e, por mais 5 euros, de Paphos a Tel Aviv. Então rapidamente compramos as passagens, reservamos um apartamento no Daphne Hotel Apartments (no centro da cidade, por 25 euros a diária), e nos maravilhamos com essa pequena nação localizada no mar Mediterrâneo, que nunca tínhamos ouvido falar até pouco tempo, mas que é incrível.

Paphos, Chipre.

DICAS E PRECAUÇÕES

Com relação à Dubai, que é basicamente um shopping gigantesco, as nossas dicas são: cuidado para não se deixar levar pelo consumismo e acabar estourando seu orçamento, porque lá tudo parece tão bonito e mais barato que no Brasil que ficamos “loucos” rs, especialmente com eletrônicos. Também não deixe de visitar o Dubai Mall e o bairro Deira (parte histórica da cidade).  O edifício Burj Khalifa também é impressionante em altura e beleza. Você tem a opção de subir nele mas, algo que considero imperdível é o show de águas que acontece no térreo, entre ele e o Dubai Mall, várias vezes ao dia. Um espetáculo e tanto!

E busque saber sobre as leis locais pois elas são bem rígidas. Uma das mais curiosas que descobrimos foi que é proibido mascar chiclete no metrô. Esta infração pode acarretar uma multa de 100 dirhams (cerca de 150 reais).

Burj Khalifa, Dubai, Emirados Árabes Unidos.

QUANTO CUSTA

Caso viaje para o Cairo, muito cuidado com os golpistas. Fuja dos taxistas e vendedores ambulantes pois, infelizmente, eles praticam um turismo muito selvagem, buscando extorquir e sempre levar alguma vantagem em cima dos turistas.

Uma outra dica e apelo que fazemos é: se te oferecerem um passeio, ou para tirar fotos com camelos, NÃO ACEITE! Sei que a ideia de tirar aquela foto maravilhosa para o Instagram parece ser tentadora, mas não vale a pena pois soubemos que eles exploram muito esses animais.

E, se visitar Israel, NÃO deixe de visitar a Palestina. Uma viagem de ônibus, de Jerusalém a Belém, demora menos de 30 minutos, é bem seguro e incrível. Para pessoas religiosas, ou que gostem de Arte e História, é um passeio simplesmente espetacular.

Flower Thrower, Bansky, Belém, Estado da Palestina.

Não deixe de visitar o Mar Morto também. Flutuar sobre essas águas salgadas é experiência única.

Mar Morto, fronteira de Israel com a Jordânia.

De todos esses lugares pelos quais passamos, adoraríamos voltar ao Chipre, Líbano e Emirados Árabes Unidos. São países lindos e genuínos. A Mesquita Mohammad Al-Amin, em Beirute, é, sem dúvidas, uma das mais bonitas que já visitamos, e os arranha-céus de Dubai são de tirar o fôlego, valendo muito a pena um “bis”.

Mesquita Mohammad Al-Amin, Beirute, Líbano.

Também gostaríamos muito de voltar ao Egito pois, apesar dos problemas citados anteriormente, é um país magnífico, que nos encantou com sua monumentalidade e que possui muito mais lugares que gostaríamos de explorar, como Luxor e Alexandria.

Já Israel e, consequentemente, a Palestina, que possui entrada e saída controladas, não são lugares que, no momento, gostaríamos de voltar, em razão da política adotada ali atualmente e também pela maneira pela qual alguns nos trataram no país (fomos abordados pela polícia enquanto caminhávamos por Jerusalém, e, na saída do país, já por ocasião do nosso retorno ao Brasil, passamos por uma enorme burocracia na Imigração, com inúmeras perguntas e procedimentos, apenas porque havíamos passado por países de maioria muçulmana. Além disso, e talvez pela quantidade de militares armados em todos os lugares, sentimos uma sensação de que a qualquer momento alguma coisa ruim poderia acontecer. Não estou dizendo, com isso, para você não ir, pois é um lugar único, de cultura e beleza ímpar, mas vá preparado para situações como essas.

Também não acredite que certos lugares são apenas o que a mídia mostra. Confesso que, antes de visitarmos o Oriente Médio, tínhamos um certo receio (“pezinho atrás”), por conta das guerras, ataques terroristas e coisas do gênero que frequentemente são mostrados no noticiário. Porém foi um dos lugares que mais nos surpreendeu positivamente! Não vivenciamos nenhuma situação de violência. Como em qualquer outra parte do mundo, cada lugar tem suas imperfeições, mas pode ter certeza que os pontos positivos superam, e muito, os negativos. Basta ficar atento nas últimas notícias e “se jogar”, que realmente vale a pena e é uma experiência inesquecível!

Espero que tenha gostado deste depoimento. Acompanhe-nos em nosso canal AA AWAY. Lá você vai encontrar muitas outras informações e dicas de nossas aventuras.

Um abraço,

Alexandre e Anazar.

Gostou deste post? Curta, comente, compartilhe. Como sempre digo: ajudem-me a ajudar vocês.

Booking.com

Você pode gostar...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *